(Atualizado em 9 Agosto 2020)
Uma investigação de Erin Reid, da Universidade de Boston, indica que quem trabalha a 100% é tão valorizado como quem finge que trabalha.
Numa empresa altamente orientada para resultados, a cultura de trabalho é mais intensa e a disponibilidade que se espera dos seus colaboradores é maior, tanto em termos de volume de trabalho como de horas trabalhadas.
Estas exigências são transversais aos colaboradores, sendo que o ideal seria que todos contribuíssem de igual forma. Isso, no entanto, não acontece. Muitos dos funcionários, principalmente os homens, podem estar só a fazer que trabalham.
A conclusão é de Erin Reid, Professora Assistente de Comportamento Organizacional da Universidade de Boston, que levou a cabo uma investigação, publicada na ‘Organization Science’, onde entrevistou mais de 100 pessoas de uma empresa de consultoria e consultou os seus relatórios de performance e outros dados do âmbito dos recursos humanos.
Indica o Business Insider, com base na investigação recolhida em 2015, que existem três grupos de trabalhadores:
-Os primeiros são os que se dedicam a 100% (trabalham horas a mais regularmente, estão sempre disponíveis aos fins de semana e feriados, trabalham em casa sem ser pedido), que têm avaliações de desempenho excelentes e carreiras consistentes.
– Os que resistem ao trabalho de forma declarada, ou seja, exigem horários mais leves (licença de maternidade/paternidade), menos deslocações, mostram que não gostam de trabalhar aos fins-de-semana, são punidos nas avaliações.09
– O terceiro grupo é, no entanto, o motivador desta notícia: os que fingem que trabalham. De acordo com o estudo de Reid, 31% dos homens e 11% das mulheres conseguem os seus objetivos (trabalhar menos) sem dizer nada.
Estas pessoas não pedem fins-de-semana, mas marcam coisas e não podem, fazem sugestões, dão ideias, não reclamam mas nunca fazem mais do que o estritamente pedido (ou menos). No entanto, recebem avaliações tão positivas quanto as dos colegas que se dedicam a 100%.
Diz a mesma investigação que para quem ‘finge’ melhor, ou seja, gere bem a perceção que os outros fazem do seu trabalho, fazer menos não traz nenhuma consequência.
Outra das constatações do estudo é que são as mulheres quem mais pede flexibilidade de horários (gravidez, filhos), sendo estas, também, mais prejudicadas.
A ideia que Reid deixa passar, em jeito de conclusão, é que as empresas, muitas vezes dão mais valor à aparência do que ao trabalho efetivo. Isto é, uma pessoa que faz o seu trabalho sem grande alarido pode ser pior avaliada do que uma pessoa que ‘diz’ que faz e que dá muitas sugestões, dando aparência de empenho.